O que é a liberdade humana?

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Diácono Georges Bonneval

Pilatos se perguntava: “O que é a verdade?” (Jo 18, 38), ora que ele estava na presença de Cristo, a Verdade em Pessoa. A questão da liberdade, para nós cristãos, está ligada à questão da verdade. Este tema é mais importante do que parece. Além disso, muitas vezes é ambíguo falar de “libertação” se não esclarecemos primeiro o nosso conceito de “liberdade”. Para isso, é preciso saber sobre que “tipo de liberdade” estamos falando.

O “direito à liberdade das pessoas” faz parte da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular” (Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948, art.18.)

Alguém disse: “Só há liberdades”. Há, de fato, vários tipos e níveis de liberdade humana: liberdade social, liberdade política, liberdade de religião, liberdade de opinião, liberdade de consciência, liberdade de fé, liberdade de ação, liberdade dos costumes, liberdade de expressão, liberdade econômica...

Alguns autores destacam três tipos principais de liberalismos atuais, inspirados em diferentes escolas: o liberalismo filosófico, o liberalismo político e o liberalismo econômico. Estes três têm em comum a defesa das liberdades de ações individuais, em suas próprias esferas e de acordo com suas respectivas inspirações, diante dos perigos da manipulação por poderes ditatoriais e absolutistas.

Queremos falar aqui da liberdade e da graça da libertação a partir da perspectiva da antropologia teológica, em relação com nossa vida de fé e na vida espiritual. Mas também com a preocupação de uma vivência como cristãos numa cultura envolvente, cada vez mais inclinada a um individualismo isolado e fechado, no que toca ao comportamento.

O filósofo existencialista luterano Soren Kierkegaard, no século XIX, considerou a angústia de uma forma original, como um chamado, uma possível “porta” para a liberdade interior. Em seu tratado “O Conceito de Angústia”, ele escreve: “A angústia é a realidade da liberdade porque é a sua possibilidade. Ela é o que permite o pecado, e por isso anda de mãos dadas com a liberdade. Na ausência de liberdade, nenhum pecado pode ocorrer e sem angústia, nenhuma liberdade é possível. A angústia é aquele estranho momento em que nada acontece, mas tudo está sendo preparado”( Soren Kierkegaard, O Conceito de Angústia.)

Nunca podemos conceber a liberdade como um fato estabelecido. A liberdade não pode ser confundida com um pedido de “licença”, ou seja, fazer o que você quiser, sem limites. Esta pseudo liberdade nos permitiria de nos autodefinir a partir de nossa própria essência, como afirma Jean-Paul Sartre, em sua concepção ateia da liberdade (Jean-Paul Sartre, O ser e o nada, Paris, 1943)

A pessoa humana é um ser livre

A liberdade humana tem sido tema de debate entre os filósofos desde o surgimento da filosofia. Parece que os gregos teriam “inventado” o conceito de liberdade, especialmente no plano da vida moral e política. No pensamento platônico e aristotélico, a liberdade é considerada em referência ao “Bem” e ao “Ser”. Porém, nestas filosofias “clássicas”, especialmente na de Aristóteles, encontramos o significado de uma liberdade que é constitutiva da pessoa humana e que faz parte ontologicamente da sua essência: o homem é um ser livre.

É somente nos séculos IV e V que a questão do “livre-arbítrio” aparece claramente com Sto. Agostinho de Hipona, que escreveu “O Tratado sobre o Livre-Arbítrio”. Este tema agostiniano se tornará uma característica essencial na antropologia de Santo Tomás de Aquino, o que influenciará profundamente a concepção da liberdade no Ocidente.

Só mais tarde surgiram os conceitos de “liberdade de razão” (Descartes no século XVII) e “consciência” (Reforma nos séculos XVI e XVII). Posteriormente, surgiu o conceito de “liberdade social”, assim como o de “liberdade interior”.

O Cardeal Ratzinger em 1968, escreveu: “Se o Platonismo nos dá uma ideia da verdade, a fé cristã dá-nos a verdade como caminho; é somente se tornando um caminho que ela se torna também a verdade do homem” (Cardeal Ratzinger, Fé Cristã Ontem e Hoje, 1968.)

Obstáculos internos à nossa liberdade, ou até onde ir em nosso (legítimo) desejo de liberdade?

Teríamos a liberdade de escolher o bem que queremos, assim como o mal quando este nos parece bom ou agradável? A liberdade é a capacidade de agir de acordo com os seus desejos e a sua vontade, de acordo com os meios à sua disposição, sem ser impedida pelo poder dos outros?

Em Carmen, de Georges Bizet, no final do século XIX, uma das óperas mais representadas do mundo, o personagem principal declara: “O que eu quero é ser livre e fazer o que eu gosto”... “ter o universo como meu país e por lei a minha própria vontade”.

O fato de podermos fazer o que queremos, como queremos e quando queremos é, em última análise, a ausência de limites à nossa liberdade pessoal. Isto não seria, sejamos bem realistas, o fechar-se numa forma de escravidão dos seus próprios sonhos, desejos e ilusões?

A filosofia de Jean-Jacques Rousseau, no século XVIII, afirma: “Não há liberdade sem lei” (Jean-Jacques Rousseau, O Contrato Social, 1762). Esses limites da lei, no próprio interesse da liberdade, permitem evitar a tirania, os conflitos e a escravidão. É por isso que o homem, segundo Rousseau, deve recorrer a “um contrato social” e deve ser regido por leis. No entanto, a concepção de liberdade de Rousseau, que não é cristã, embora se diga “crente”, também tem seus limites, especialmente quando afirma que “o homem nasce naturalmente bom, mas é a sociedade que o corrompe” (Idem, Emílio – ou Da Educação, 1762) . Contudo, mesmo que não se possa subscrever inteiramente a ideia de Rousseau (trabalhada nos princípios da educação com seu único aluno: Emílio), pode-se ao menos colocar-se hoje a mesma questão: como educar uma criança de forma saudável se a sociedade em que ela vai crescer vai contribuir para distorcer e corromper as pessoas que lá vivem?

Sto. Agostinho escreve: “Na lei temporal dos homens nada existe de justo e legítimo que não tenha sido tirado da lei eterna” (Sto. Agostinho, O livre-arbítrio, Livro I, cap. VI, 15.)

O homem e a mulher de hoje precisam realmente ouvir novamente e acreditar na afirmação de Cristo: “Se o Filho vos libertar, sereis, realmente, livres” (cf. Jo 8, 36). Uma afirmação que nos lembra que a pessoa humana não pode, apenas pelos seus próprios meios naturais, gozar sozinha da sua liberdade primordial. Ninguém pode “se auto libertar” a si mesmo.

“Fascinada pela pura tecnologia, a razão sem a fé está destinada a perder-se na ilusão da própria onipotência”( Bento XVI, Caritas in Veritate, nº 74.)

A ideia moderna de uma liberdade absolutizada, situada na vontade pessoal, sem relação com a verdade, ignora o fato de que a própria liberdade deve ser libertada das limitações que lhe advêm do pecado. Escrito entre os séculos VI e IV a.C., a sabedoria do Livro Bíblico de Jeremias declarou: “Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne a sua força, mas afasta seu coração do Senhor! Ele é como cardo na estepe: não vê quando vem a felicidade” (Jr 17, 5-6).

Fostes chamados à liberdade; mas que essa liberdade não se transforme em pretexto para a carne

Se nosso conceito de liberdade e libertação interior não é iluminado e compreendido pela graça de Cristo, nossas faculdades da razão e da vontade se encontram enfraquecidas.

Nesse sentido, é comum hoje constatar que o exercício da razão como uma apreensão racional da realidade, é muito frequentemente substituído pela influência da sensibilidade (o que ressentimos). A pessoa não é tanto guiada pelo que ela é, mas pelo o que ela sente.

A razão muitas vezes vem depois, mas como se fosse atrelada e apenas como uma capacidade de justificar esta reação inicial: “Vá para onde seu sentimento o leva”. Assim, o que é ressentido é trazido para governar indevidamente acima da reflexão e do discernimento.

Como podemos ver, portanto, o sentimento ou a intuição da liberdade não são conclusivos nem suficientes, especialmente se não forem consideradas as questões morais envolvidas. Por exemplo, um pai de família alienado pelo álcool pode se imaginar agindo de acordo com a sua própria liberdade e vontade, e assim, causar sérios danos à sua família. Mesmo um homem sadio de espírito é capaz de ter sérias ilusões sobre a sua própria liberdade.

“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos. Entretanto, que a liberdade não sirva de pretexto para a carne, mas, pela caridade, colocai-vos a serviço uns dos outros.” (Gl 5, 13)

Muitas vezes, quando ouvimos esses versículos paulinos na Liturgia, ou quando os lemos em nossa Bíblia, compreendemos frequentemente a expressão “a carne”, reduzida apenas ao corpo “erotizado”. Precisamos despertar a nossa atenção para uma compreensão mais profunda, como explicou o Papa Bento XVI:

“A palavra ‘carne’ na linguagem de S. Paulo é expressão da absolutização do eu, do eu que quer ser tudo e tomar tudo para si mesmo. O eu absoluto, que não depende de nada nem de ninguém, parece possuir realmente, de modo definitivo, a liberdade. Sou livre se não dependo de ninguém, se posso fazer tudo o que quero. No entanto, precisamente esta absolutização do eu é ‘carne’, ou seja, é degradação do homem, não é conquista da liberdade: o libertinismo não é liberdade mas, ao contrário, falência da liberdade.” (Bento XVI, Discurso à Comunidade do Pontifício Seminário Maior Romano, 20 de fevereiro de 2009)

É a concepção de Deus que encontramos no filósofo Jean-Paul Sartre, quando ele diz: “Não mais reconheci aquele que minha alma aguardava: eu precisava de um Criador, davam-me um Grande Patrão” ! (0 Jean-Paul Sartre, As palavras, 1973). Como é triste que Sartre tenha sido tão pouco (ou mal) evangelizado! Esta concepção de Deus e, ao mesmo tempo da nossa liberdade diante Dele, como Seus filhos, é totalmente desprovida da ideia de um “Deus que nos ama” e que quer a nossa felicidade. “Deus demonstra Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5, 8). De fato, Deus, em Sua transcendência e alteridade, nos dá precisamente “acesso a nós mesmos” e ao nosso próprio mistério de liberdade.

“Como o nosso Criador nos ama, a nossa dependência consiste em estar no espaço do Seu amor. E nesse caso essa ‘dependência’ significa precisamente liberdade.” ( Bento XVI, Discurso à Comunidade do Pontifício Seminário Maior Romano, 20 de fevereiro de 2009.)

Deixemos aqui claro que o Novo Testamento não trata a questão da liberdade apenas em uma dimensão de justiça e libertação social. Mas a interpretação bíblica deve ser entendida como uma libertação humana integral, libertação esta, obtida através da redenção de Cristo, que se desdobra em todas as realidades da condição humana.

“Para quem se submete ao Senhor e a Ele serve, a fonte da liberdade não está na reforma das instituições, mas no Senhor.” (Charles Biber, Vocabulário Bíblico, artigo sobre Liberdade.)

Chaves Bíblicas do Novo Testamento sobre o Tema da Liberdade

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor.” (Lc 4, 18-19) “Se permanecerdes na Minha palavra, sereis verdadeiramente Meus discípulos e, conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8, 31-32) “A criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de Deus. De fato, a criação foi submetida à vaidade — não por seu querer, mas por vontade daquele que a submeteu — na esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus. Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente.” (Rm 8, 19-22) “Tomai cuidado, porém, para que essa vossa liberdade não se torne ocasião de queda para os fracos.” (1Cor 8, 9) “O Senhor é o Espírito, e, onde se acha o Espírito do Senhor, aí está a liberdade.” (2Cor 3, 17) “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão.” (Gl 5, 1).

Duas referências básicas nos Documentos da Igreja sobre a Liberdade Cristã

a)      A Constituição pastoral do Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes

“Estabelecido por Deus num estado de santidade, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da sua história abusou da própria liberdade, levantando-se contra Deus e desejando alcançar o seu fim fora Dele. [...] O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana, quer singular quer coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo: cada um sente-se como que preso com cadeias. Mas o Senhor em pessoa veio para libertar e fortalecer o homem, renovando-o interiormente e lançando fora o príncipe deste mundo (cf. Jo 12, 31), que o mantinha na servidão do pecado.” (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, nº 13.)

É só na liberdade que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade; e com toda a razão. Muitas vezes, porém, fomentam-na dum modo condenável, como se ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem. Pois Deus quis ‘deixar o homem entregue à sua própria decisão’ (Eclo 15, 14), para que busque por si mesmo o seu Criador e livremente chegue à total e beatífica perfeição, aderindo a Ele. Exige, portanto, a dignidade do homem que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. A liberdade do homem, ferida pelo pecado, só com a ajuda da graça divina pode tornar plenamente efetiva esta orientação para Deus. E ‘cada um deve dar conta da própria vida perante o tribunal de Deus, segundo o bem ou o mal que tiver praticado’ (cf. 2Cor 5, 10).” (Ibidem, nº 17)

b) A encíclica de S. João Paulo II, Veritatis Splendor

S. João Paulo II inicia sua Encíclica Veritatis Splendor com estas palavras: “A verdade ilumina a inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste modo, é levado a conhecer e a amar o Senhor” (S. João Paulo II, Veritatis Splendor, 1993). Deus criou, pois Deus é livre! E Ele nos criou à Sua imagem e semelhança, razão pela qual a liberdade humana é um dom recebido “no princípio”!

Sobre a relação entre Dignidade e Liberdade:

 “A dignidade do homem exige que ele proceda segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja, movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. (Ibidem, nº 42)

À luz destes textos magistrais, podemos considerar e resumir três elementos essenciais e básicos da liberdade:

1)      A pessoa humana é um ser criado livre! A liberdade é um Dom

Além disso, esse dom torna possível uma “criatividade” à imagem do Criador, uma “liberdade criativa”, que por sua vez suscita uma dinâmica, um sentido para a nossa vida. Segundo S. Gregório de Nissa, Bispo no século IV, irmão de S. Basílio de Cesareia: “A liberdade é uma das manifestações da imagem de Deus na natureza humana […] O homem tornou-se como Deus e abençoado, porque recebeu a liberdade” (S. Gregório de Nissa, Discurso sobre os Mortos).

2) Mas desde as origens da história humana, a queda original, chamada “pecado” das origens, o “mal” entrou no mundo

Para S. Gregório de Nissa, o tema da queda de nossos primeiros pais é interpretado como uma “provação e perversão da liberdade”, um “abuso” como diríamos hoje. O homem descobre dentro de si uma divisão: “Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto” (Rm 7, 15). Mas este mal está lá apenas por “acidente”! É bom nos lembrarmos que este mal não pertence à natureza das coisas que Deus criou e que quis desde o princípio.

Entretanto, a pessoa humana descobre o drama de um mal que “alienou sua liberdade” e que se reflete em toda a vida individual e coletiva, exigindo uma luta muitas vezes dramática, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas.

3) A liberdade humana pode se tornar participante da Missão de Cristo, na criatividade do Espírito Santo

A liberdade original foi bem concedida, ela é certamente uma liberdade “acidentada, ferida”, mas “não destruída”. É por isso que a pessoa humana, criada por amor, à imagem de Deus, deve procurar trabalhar na obra de semelhança com o seu Criador. Assim, nosso conceito de liberdade não pode ser reduzido a uma simples aceitação: “Sim, eu aceito, eu quero ser livre!”. Mas, no plano de Deus, a nossa liberdade recebida, perdida e redimida, é capaz de gradualmente se tornar uma poderosa fonte de criatividade!

S. Francisco de Assis, orando diante da Cruz na Igreja de S. Damião de Assis, ouviu Cristo dirigir-lhe estas palavras, que resumem um chamado e um envio em missão: “Vai, reconstrói a minha igreja que está caindo em ruínas”. Como para Francisco, teremos que adentrar nesse trabalho! Às vezes nos é dito que há muito trabalho a ser feito nas novas comunidades! Sim, como aconteceu em todas as renovações da história da Igreja: entre os primeiros monges, na construção de abadias, de catedrais, depois os primeiros hospitais, as escolas, etc.

Sem nunca forçar, frustrar ou retirar nada, Cristo nos propõe uma “liberdade para a missão”. Pela Sua liberdade, o ser humano não é mais obrigado a construir o seu “mundo próprio”, mas, com Cristo e Nele, construir o “Reino de Deus” ! É então associado a um desígnio maior do que o seu. E poderá entrar, então, na escuta da sua própria vocação e “liberdade missionária”: “Vós fostes chamados à liberdade, irmãos” (Gl 5, 13).

O Cardeal Urs Von Balthasar escreveu, após a Segunda Grande Guerra Mundial: “É por isso que não devemos mais permanecer neste estado intermediário de angústia... mas dar um salto na fé, na esperança e na caridade, oferecendo o nosso ‘sim’ a Deus, abandonando nossa diferença protetora... e participar da infinita liberdade de Deus, não mais apoiando-se em nós mesmos” (Cardeal Urs Von Balthasar, O cristão e a angústia, 1942.)

Se o Cardeal Balthasar pôde fazer essa constatação logo após a Segunda Guerra Mundial, o que ele teria a nos dizer e nos aconselhar, após esse tempo de pandemia que o mundo atravessou?

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Quanto mais o homem fizer o bem, mais livre se torna. Não há verdadeira liberdade senão no serviço do bem e da justiça” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1733)

 

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