Quaresma no Carisma Sementes do Verbo

 
Peregrinação à Jerusalém

Peregrinação à Jerusalém

 

A liturgia é um mistério de amor de Cristo com a Igreja e com todo homem. Devemos a cada dia, entrar nesse mistério. Passar da exterioridade ao “coração a coração” com o Senhor, na fé e no amor, bebamos da fonte.

“A caminho ele bebe da torrente, e por isso levanta a cabeça.” Sl 110, 7

A liturgia é a canalização que traz dessa fonte a água viva, mas devemos saciar nela a nossa sede. Antes de ser uma celebração, a liturgia é um acontecimento na nossa vida cotidiana. Celebrar o ano litúrgico é celebrar uma pessoa, Jesus Cristo, em toda a sua totalidade

A páscoa é o centro do mistério de Cristo morto e ressuscitado, e a quaresma é o tempo litúrgico que nos introduz neste mistério. A quaresma inicia na quarta-feira de cinzas e vai até a quinta-feira, celebração da Ceia do Senhor, e a partir daí então entramos no tríduo pascal e celebração da ressurreição do Senhor.

Os 40 dias da quaresma se inscrevem nesta trama dos 40 dias de jejum do Cristo, mas também dos 40 dias de Moisés com Deus sobre o Sinai (Ex 24), dos 40 dias de Elias caminhando para o encontro no Horeb (1 Rs 19) e dos 40 dias de penitência dos ninivitas (Jonas 3).

O lecionário dominical oferece 3 itinerários:

1. Quaresma Batismal

2. Quaresma Cristocêntrica

3. Quaresma Penitencial

1. QUARESMA BATISMAL (ANO A – SÃO MATEUS)

A liturgia da quaresma é na origem e primeiramente uma pedagogia espiritual que dá aos catecúmenos um último ensino em vista do seu batismo no decorrer da noite de páscoa. Este caminho estava estruturado domingo após domingo. E a vigília pascal constituía a última catequese daqueles que vão ser batizados.

É na sua origem batismal porque o batismo é a nossa entrada no mistério da páscoa do Cristo, de sua morte e ressurreição.

  • 1° domingo – Mt 4 (A tentação no deserto)

  • 2° domingo – Mt 17 (Transfiguração)

  • 3° domingo – Jo 4 (Água viva)

  • 4° domingo – Jo 9 (Cura do cego nas água de Siloé)

  • 5° domingo – Jo 11 (Eu sou a Ressurreição e a Vida)

  • 6° domingo – Mt 26 (Obediência de Jesus até a morte)

2. QUARESMA CRISTOCÊNTRICA (ANO B- SÃO MARCOS)

O Cristão durante a quaresma deve ter a preocupação de se deixar possuir e configurar ao Cristo que sobe a Jerusalém para dar a sua vida.

A estrutura cristológica da liturgia da quaresma aparece primeiro na economia dos cinco domingos deste tempo que traçam o caminho do Cristo para a sua morte e ressurreição livremente aceites e realizados na obediência ao desígnio salvador do Pai para que nos tornemos filhos.

A Escritura do Antigo Testamento durante a quaresma tem uma tão grande importância: ela deve ser lida numa perspectiva de consumação: tudo o que Deus tinha dado pelo modo de sinal e de promessa ao seu povo no decorrer de sua história encontra no Cristo a plenitude de sua realização e de sua significação.

Evangelhos deste ciclo:

  • 1° domingo – Mc 1 (A tentação no deserto)

  • 2° domingo – Mc 9 (Transfiguração)

  • 3° domingo – Jo 2, 13-25 (Purificação do Templo e anúncio da ressurreição)

  • 4° domingo – Jo 3, 14-21 (Cristo exaltado na morte)

  • 5° domingo – Jo 12 (A hora de Jesus)

  • 6° domingo – Mc 14 (Messias, Filho de Deus

    3. QUARESMA PENITENCIAL (ANO C – SÃO LUCAS)

As obras penitenciais são sinal da participação no mistério de Cristo que, por nossa causa, se faz penitente recorrendo ao Jejum no deserto.

Se trata de uma tomada de consciência sobre nós mesmos pela colocação de alguns meios concretos indicados pelo Cristo, como jejum, a partilha dos bens, a oração, o amor ao próximo e mesmo dos inimigos. Tudo isto conduz os cristãos a uma progressão espiritual e sacramental de reconciliação. O sacramento da reconciliação encontra na quaresma seu próprio lugar.

Os meios sugeridos pela Igreja para a prática quaresmal são:

 
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  • Escuta frequente da Palavra

  • Oração

  • Jejum

  • Esmola

Evangelho deste ciclo:

  • 1° domingo – Lc 4, 1-13 (A tentação no deserto)

  • 2° domingo – Lc 9, 28-36 (Transfiguração)

  • 3° domingo – Lc 13, 1-9 (Necessidade de conversão e a paciência de Deus)

  • 4° domingo – Lc 15 (Filho Pródigo)

  • 5° domingo – Jo 8 (Mulher adúltera)3 INTRODUÇÃO

  • 6° domingo – Lc 22 (A morte do justo)

A comunidade celebra a cada ano de maneira particular com toda a Igreja, o Mistério da Redenção de Cristo na Festa da Páscoa, fonte e ápice do ano litúrgico.

 

Durante o Advento e a Quaresma, a Comunidade celebra um ofício de noite (na noite da quinta-feira para a sexta-feira), nos preparando na abertura do coração, às solenidades de Natal e da Páscoa.

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A liturgia semanal da comunidade está centrada no Mistério Pascal. Cada semana é vivida como uma “pequena” Semana Santa, numa atitude crescente até o Tríduo do final de semana. A comunidade vive uma subida até o Dia do Senhor, “Dia de festa primordial”, o domingo, o primeiro dia da semana, onde toda a Igreja canta a Santa Ressurreição de Cristo.

“Para conhecê-Lo, conhecer o poder da sua ressurreição e a participação no seu sofrimento, conformando-nos com Ele na sua morte, para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos. “ Fl 3, 10-11

DIAS SANTOS:

DOMINGO DE RAMOS – A Igreja comemora o Cristo Senhor, que entra em Jerusalém para cumprir plenamente o mistério pascal. Canta-se o glória.

QUINTA-FEIRA SANTA – Graça de comunhão, instituição da Eucaristia e Cristo se faz servo (lava-pés).

SEXTA-FEIRA SANTA – A cruz é a super abundância do amor de Deus que transborda da graça da obediência. Vivemos a via-sacra e a celebração da paixão, é um dia marcado pelo silêncio e pelo jejum.

SÁBADO SANTO – graça de fé e de esperança, pois todo o mistério da cruz é para a ressurreição. Dia de pacificação e repouso em Deus. Jesus visita os nossos infernos. Vivemos a celebração da vigília pascal.

4. QUESTÕES PRÁTICAS DA LITURGIA NESTE TEMPO

 
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  • A cor é roxa para nos lembrar a penitência (exceto festas e solenidades).

  • Os dias de quaresma tem precedência sobre as memórias obrigatórias.

  • As solenidades e festas tem precedência sobre a quaresma

  • O canto da quaresma é um canto de penitência e conversão, um canto sem glória e aleluia, mas não é um canto de morte e desânimo, tristeza e moleza.

  • A aclamação ao Evangelho é substituída por uma aclamação a Cristo Senhor.

  • A Igreja nos recomenda viver a via-sacra.

  • Tempo de Jejum e abstinência (“estão obrigados a lei da abstinência os maiores de 14 anos de idade e à lei do jejum os maiores de 18 anos de idade.”)

“Participamos do sofrimento de Cristo, para participarmos também de sua glória.” Rm 8, 17

5. COMO SE VIVE A QUARESMA NA COMUNIDADE SEMENTES DO VERBO

1. Valorizando bem o silêncio, a oração, a adoração e os sacrifícios oferecidos pelas intenções do mundo, da Igreja e da Comunidade.

2. Gesto concreto através do despojamento quaresmal.

3. Jejum nas sextas-feiras (pão e água)

4. Ofício das leituras na madrugada da quinta para a sexta-feira. “Podemos celebrar alternando as semanas: ou um ofício de noite, ou uma adoração noturna, segundo o que o Pastor da casa julgue oportuno.” RdV 45, 4

5. Zelo pela liturgia.

6. Confissão

7. Almoço em silêncio com a meditação da leitura de um livro de acordo com a visão pastoral para cada ano.

8. Cesto com o nome de todos os que moram em cada casa para a intercessão após as laudes, onde se retira o nome no cesto aos pés do altar e se deposita aos pés da Virgem Maria a cada dia. Refeições sóbrias (sempre lembrando de retirar algo para oferecer, suco ou sobremesa).

“Não recebais a graça de Deus em vão... Eis agora o tempo favorável por excelência!” II Cor 6, 1-2