Notícias Sementes do Verbo

"O homem, única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma, não se pode encontrar plenamente a não ser no sincero dom de si mesmo."1

São João Paulo II fez desta declaração conciliar o leitmotiv do seu pontificado. É também a síntese de todo o seu pensamento. Esta afirmação vai contra o ar rarefeito das nossas últimas gerações, e é por isso que não é tão simples fazer esta conversão de mentalidade interior, mas também de mentalidade cultural e social.

Jesus está plenamente consciente da Sua liberdade e responsabilidade. Está inteiramente submisso e livremente entregue à vontade de Seu Pai, dando provas, ao mesmo tempo, de uma liberdade pessoal autônoma, total e soberana.

Através do tema deste ano sobre a responsabilidade somos, neste mês de março, convidados a concentrar-nos em duas realidades: o significado do pecado pessoal e a realidade do pecado na sua dimensão social. Para o homem moderno, não é mais comum ouvir as pessoas dizerem: "Enganei-me, cometi um erro" do que admitir: "Eu pequei"? De fato, reconhecer a realidade do pecado exige uma relação de fé com Deus.

Com toda a Igreja, começamos o nosso percurso quaresmal no segundo dia deste mês. Este é um tempo anual de graça, que muitas vezes sugere a secura e a desolação, mas é muito mais um deserto de amor (cf. Os 2, 16), uma oportunidade para um encontro com o Senhor e uma experiência de conversão mais profunda (cf. Lc 5, 4).

Neste mês de dezembro, vivemos com toda a Igreja o tempo litúrgico do Advento. O Apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta aos Tessalonicenses, nos convida a preparar-nos para a “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5, 23), permanecendo irrepreensíveis, com a ajuda da graça de Deus.

No mês anterior, fizemos um percurso baseado nas leituras meditadas, Livros I e II do Tratado do Livre-Arbítrio de Sto. Agostinho. Desta vez veremos o Livro III, que é o mais longo dos três livros que compõem este Tratado. Foi escrito por Agostinho, não mais em Roma, como os outros dois livros, mas depois de seu retorno a Hipona, Argélia, por volta de 391, quando acabara de ser ordenado sacerdote.

O tema do livre arbítrio, em latim “liberum arbitrium” e em italiano “libero arbitrio”, foi introduzido no século V por Sto. Agostinho (354-430), que lhe dedicou um importante tratado. Dante Alighieri, o famoso escritor e poeta italiano do século XII, dotado de um grande gênio literário, declarou: “O maior bem que ao universo Deus doara, o que indicara mais Sua bondade, o que em preço mais alto avaliara, foi do querer, por certo, a liberdade da vontade” (Dante Alighieri, Paraíso, V, 19-22)

Em toda pessoa humana, mesmo a ideia de ter que obedecer a leis, mesmo se é a Lei Divina, comumente provoca a impressão negativa de opressão e impedimento à liberdade. O discípulo do Senhor não deve parar nessa reação inicial e psicológica, mas buscar em profundidade o que as Sagradas Escrituras têm a dizer sobre esse assunto.

Quando se fala dos primórdios do CHARIS, a primeira coisa a salientar é que a ideia provém diretamente do próprio Papa Francisco. Acho que ele surpreendeu quase todo mundo quando escreveu aos Presidentes do ICCRS e da Fraternidade Católica em 2015 pedindo-lhes, inicialmente, que refletissem sobre as vantagens de se formar um único serviço para a Renovação Carismática Católica em todo o mundo e, então, em uma segunda carta, pedindo-lhes para que se inserissem ativamente no processo que levou à criação do CHARIS.

É instrutivo ler o testemunho de Sta. Teresinha do Menino Jesus sobre este tema e as dificuldades que ela experimentou nos seus primeiros anos de vocação. Isso certamente ajudará e tranquilizará, antes de tudo, mostrando a parte que lhe dizia respeito: a sua dificuldade em abrir sua alma. A sua doutrina espiritual foi-nos transmitida principalmente através da sua autobiografia, baseada nos três manuscritos que escreveu nos últimos anos da sua vida. Esta autobiografia foi publicada em 1898, um ano após a sua morte, sob o título: “História de uma Alma”.